quarta-feira, 22 de junho de 2011

O futebol está feliz

O Pacaembú será o palco da grande decisão da Copa Santander Libertadores 2011. Peñarol e Santos, dois rivais históricos, se enfrentarão novamente em uma nova era. O Santos, que já conquistou por duas vezes a competição, aposta na segunda geração dos garotos da Vila, principalmente em Neymar e Paulo Henrique Ganso. Já o Peñarol aposta na ressureição do futebol Uruguaio, em Martinuccio(principal jogador dos aurinegros) e, principalmente, em sua mítica camisa para levantar pela sexta vez o principal torneio da América(ou das Américas, diriam os Mexicanos).

Santos e Peñarol brilharam de forma intensa e soberana no futebol sulamericano na década de 60. Eram tradicionais os confrontos do Peñarol, de Pedro Rocha(e mais tarde Pablo Forlán) com o Santos de Pelé, Pepe e Coutinho. Em 1962, iclusive, as duas equipes decidiram a Copa Libertadores, tendo o Santos saído vencedor(o título só foi decidido na terceira partida, quando Pelé voltou e decidiu). No período entre 1960 e 1966 Santos e Peñarol somam juntos cinco conquistas de Libertadores. O futebol se curvava a esses dois timaços!

Da década de 60 para cá o Peñarol não foi mais tão brilhante, ainda que conquistando dois títulos da Libertadores, o último em 87. O futebol uruguaio deu uma derrocada desde então(desde 87) e os clubes sofreram muito, quase que anunciando a bancarrota. Com o Santos não foi diferente. O clube sofreu, como nenhum outro na história, a falta de um ídolo, de um rei, de Pelé.  A falta que Pelé fez foi proporcional ao futebol que ele jogou. O Santos só voltou a conquistar um título de expressão em 2002, com a conquista do Brasileirão. Naquele ano, a primeira geração de garotos da vila brilhou. Hoje, a segunda geração quer ir ainda mais longe que os garotos da primeira, conquistando a tão sonhada Libertadores.

Não é a primeira vez que o Peñarol decide o título da Libertadores no pacaembú. Em 1961, a equipe uruguaia empatou em um a um com o Palmeiras, de Djalma Santos e Juninho Botelho, e se sagrou campeão, pela terceira vez até então, da Libertadores da América. Na primeira partida os Uruguaios venceram, com gol do ídolo aurinegro Spencer, diante de um Pacaembú superlotado(relatos contam que estavam presentes no estádio cerca de 50 mil pessoas) de palmeirenses confiantes que o título ficaria em terras brasileiras. Ilusão a deles.

O pacaembú só voltou a receber uma decisão de Libertadores em 2002, quando o São Caetano recebeu o Olímpia, do Paraguay. E pela segunda vez um time do Estado de São Paulo fracassa no estádio por uma decisão. Dessa vez a terrota foi ainda mais trágica(só não foi mais trágica devido a falta de torcida, que assombra o São Caetano até hoje). Na partida de ida o azulão venceu por um a zero a equipe paraguaia. O título já estava praticamente garantido! Porém, no jogo do Pacaembú... Dois a um para o Olímpia no tempo normal e quatro a dois nas penalidades. O São Caetano garantia mais um vice(a equipe já tinha sido vice brasileiro da série B, vice brasileiro da séria A, vice paulista, vice...) e o Pacaembú dava azar outra vez.

História relembrada, vamos tratar do confronto desta noite, no Pacaembú. pelo lado aurinegro, Martinuccio está confirmado e tentará, ao lado de Mier, puxar os contra-ataques do time uruguaio. Diego Aguirre, técnico e ex jogador do clube, disse em entrevista que o Peñarol precisará de uma noite daquelas para conseguir conquistar o título diante dos meninos da vila. Os uruguaios acreditam que se precisará de uma façanha daquelas para o Peñarol sair hoje à noite da vila campeão. façanha esta que pode ser comparada a que o próprio Diego Aguirre alcançou em 87, quando no último minuto fez o gol que garantiu o título continental para o Peñarol. Aguirre aposta também na experiência de Dario Rodríguez, capitão do time. O Peñarol deve entrar em campo hoje à noite com a seguinte formação:





O Santos deve ir à campo com quase todos os jogadores  do elenco a disposição do técnico Muricy Ramalho. Jonathan é o único desfalque da equipe da vila. Com isso, Danilo é recuado para sua posição de origem, a lateral direita, e Adriano joga como volante. O grande reforço do time da vila para esta partida será a volta de Ganso ao time. Paulo Henrique Ganso se recuperou de lesão e foi confirmado como titular por Muricy Ramalho, com o aval dos médicos. O outro grande reforço do Santos será fora das quatro linhas:Pelé estará no estádio acompanhando o jogo. Segundo o rei afirmou na entrevista coletiva oficial da final, ele está mais nervoso que na decisão de 62. Pelé verá em campo a seguinte formação feita por Muricy Ramalho:



A história da Libertadores terá seu capítulo final pela terceira vez no pacaembú, mas dessa vez a partida será especial, por contar com dois dos maiores times da história do futebol, que cairam, sofreram crises, mas levantaram e fazem do passado um espelho para o futuro. A frase "Um futuro promissor vem de um passado de glórias", pode ser usada para os dois tradicionais times. Podemos ter a certeza de que o jogo de hoje à noite será histórico, seja qual for o placar, o vencedor. Se o futebol pudesse falar ele diria que está feliz em ver dois grandes do futebol no topo novamente. Os deuses do futebol prepararam uma surpresa e tanto!

quinta-feira, 9 de junho de 2011

O Gigante despertou, pegou um trem-bala e foi para a estação libertadores

Todos os vascaínos da nova geração devem guardar a quarta-feira, 8 de junho de 2011, em seus corações, pois este foi o dia em que o Vasco conquistou a Copa do Brasil em cima do Coritiba. Não que os vascaínos mais velhos não devam guardar e relembrar também esse dia, mas para os torcedores da nova geração esse título foi mais que especial, já que muitos não viram o clube conquistar um título de expressão. Muitos não chegaram perto de se emocionar e vibrar como na quarta-feira à noite. O jogo que deu ao Vasco o seu primeiro título de Copa do Brasil não foi um jogo qualquer. A partida disputada no Couto Pereira foi épica.

No primeiro jogo da decisão o Vasco tinha ganho em São Januário por um a zero, resultado comemoradíssimo, levando-se em conta que o Cruz-Maltino não vinha tendo grandes atuações nas partidas realizadas em seu estádio. Os jogadores do Vasco chegaram a Coritiba com uma pressão monstro pelo tempo que o clube não conquista um título de expressão e por a torcida não aguentar mais provocações dos rivais rotulando o Vasco de "eterno vice campeão".

Logo no início do jogo os jogadores vascaínos se mostravam nervosos, erravam passes fáceis, davam espaço para o Coritiba jogar. Porém o Coxa também deu espaços em contra-ataques, e num desses contra-ataques Éder Luís recebeu de Diego Souza, invadiu a área e achou Alecsandro sozinho. O atacante teve o trabalho apenas de tocar para o fundo das redes, calando a torcida do Coritiba, que fazia um espetáculo belíssimo. A vantagem do Vasco, que outrora era boa, se tornou, em uma tacada só, enorme e fantástica ao mesmo tempo.

O Coritiba estava abatido, mas ao mesmo tempo sabia que era necessário pressionar o Vasco se a equipe paranaense quisesse seguir viva na disputa pelo título(inédito para eles também). Numa jogada esporádica, de bola parada o Coxa voltou para o jogo: após cobrança de falta Jonas cabeceia para o meio da área e Bill, sozinho após falha de Dedé na marcação, empurra de cabeça para o gol. A torcida que estava apática volta a fazer do Couto Pereira um inferno verde.

Após minutos de pressão em vão, o fim da primeira etapa se aproximava e o desespero dos torcedores do Coxa presentes no estádio aumentava. Quando parecia que, após algumas chances desperdiçadas, o resultado de empate iria se manter no primeiro tempo, Rafinha recebe no lado direito da área e chuta para Fernando Prass soltar a bola nos pés de Davi, que dentro da área e de frente para o gol faz o tento que garante a virada da equipe paranaense ainda antes do intervalo. Os jogadores do Vasco foram para o intervalo de cabeça baixa, ao som da torcida do Coxa, que foi atiçada após o gol.

O Vasco voltou para o segundo tempo com a mesma postura do primeiro: defensivo, sem poder de reação e sem saída de jogo, com Alecsandro isolado no ataque. As fichas eram jogadas todas na velocidade de Éder Luís, que por vezes resolveu partidas para o Vasco ao longo da competição. Numa dessas jogadas do veloz atacante o Vasco conseguiu empatar e calar novamente o estádio: Éder arrancou e arriscou um chute de longe. chute esse que foi forte o bastante para vencer Édson Bastos, que foi enganado por uma curva que a bola fez no caminho. Os ventos estavam à favor na Nau vascaína.

Do gol de Éder em diante a pressão do Coritiba só se intensificou: Marcos Aurélio e Eltinho entraram para atacar ainda mais. A pressão e as modificações surtiram efeito quando Willian, jovem promessa da base do clube, acertou um petardo de fora da área fazendo o terceiro do Coritiba: faltava apenas um. A torcida se acendeu como nunca na partida, praticamente entrando em campo. A partir dai o jogo foi só coração.

Os minutos passavam devagar, tão devagar quanto o tempo que o Vasco não conquistava um título em âmbito nacional. O Coritiba pressionava e pressionava, a torcida rezava na arquibancada, da mesma forma que fizeram Diego Souza e Felipe quando saíram de campo, juntos, na mesma harmonia, com a mesma fé. Depois de cinco minutos sofridos de acréscimos o juíz apita o fim do jogo. O fim de uma era sem títulos importantes. O campeão voltou. O gigante despertou, pegou um trem-bala e foi direto para a estação Libertadores da América. A torcida vascaína pode gritar novamente "È campeão" e vibrar novamente com o Vasco da Gama, campeão de terra e mar.

quarta-feira, 8 de junho de 2011

Ser Vasco

Não adiantaria nada eu postar a prévia do jogo de hoje, até porque não tenho cabeça para isso. Repasso apenas o sentimento de um vascaíno que nunca viu seu time conquistar um título importante e que está emocionado, horas antes da partida. Vejo na internet momentos emocionantes da história do Vasco e penso: não poderia ter escolhido time melhor para torcer. nasci para ser VASCO.

O Vasco têm uma das histórias mais bonitas do futebol mundial. seria bobagem falar aqui sobre essa magnífica história, pois faltaria espaço, tempo e até conhecimento para isso. Nenhum históriador saberia sintetizar a história do Vasco por completo. Certa vez li um texto que definia bem o que é torcer para o Vasco. O li horas antes do jogo decisivo da Copa do Brasil e repasso aos vascaínos que quiserem fazer o mesmo. O texto a seguir é de Artur da Távola:

Ser Vasco é ser intrépido tanto quanto leal. É ter o sentido da história do Brasil a fundir povos e raças sem preconceito. É ser navegante da esperança, não temer aventura, futuro, conquistas, calmarias ou tempestades.
Ser Vasco é renegar o temor e ser popular sem populismo, ser valente sem arrogância e ser decidido sem soberba. É ter a vocação da vitória e a disposição necessária à qualidade e ao mérito por saber que virtudes necessitam de energia e energia, de vontade.
Ser Vasco é, pois, ser virtude, vontade, valor e vanguarda: tudo com o v de vida, o mesmo de Vasco.
Ser Vasco é conhecer o grito do entusiasmo, esperar a hora de vencer e sentir o cheiro do gol. É incendiar estádios e extasiar multidões. É adivinhar instantes decisivos e saber decidir.
Ser Vasco é ser mais povo do que elite, mais tradição do que novidade, mais segurança do que aparência, mais clube do que time, mais vibração do que delírio, mais vigor do que agressão.
Ser Vasco é ousar, insistir, renovar-se, trabalhar para construir a vitória não como forma de superioridade, mas de aperfeiçoamento da vida e do esporte. É gol, é gala, é garbo de uniforme original, cruz no peito, sonho n’alma e amor no coração.
Ser Vasco é emoção recompensada porque vitória bem planejada, é lance, é lança, liberdade, impulso e convicção.
Ser Vasco é sentir o gosto da felicidade, da vitória e do grito maiúsculo de gol. É ter sabedoria e prudência, unidas na tática certeira ou na organização eficaz. É viver a emoção de lembrar nomes, lendas, heróis e legendários craques, troféus, títulos, retratos, faixas, taças, copas e vitórias imortais.
Ser Vasco é ter idênticos motivos para cultuar o passado tanto quanto crer no futuro.
Ser Vasco, enfim, é saborear com humildade o orgulho sadio da vitória merecida, do entusiasmo com motivo e da grandeza como destino“.

Eu sou Vasco antes da final, serei depois, serei sempre. Não há como explicar ou definir este sentimento, que não para.