quarta-feira, 7 de setembro de 2011

Mil jogos de um goleiro ímpar

Foto:Site oficial do São Paulo

Goleiro é uma profissão diferente das outras. Afirmação idiota, já que nenhuma é igual. Mas a profissão de goleiro têm suas especificidades. Dizem que para ser goleiro têm de ser louco antes. Ou depois. Enfim. Comentaristas dizem que não podem comentar a atuação de árbitros e de arqueiros antes do apito final, já que uma falha pode resultar em uma avaliação totalmente diferente. Quando eu era pequeno queria ser goleiro. Ia para a Quinta da Boavista e me jogava no chão como um louco. Tinha algumas qualidades que um goleiro têm que ter. A loucura era (e ainda é, mas vamos pular isso) uma delas. Desisti porque a loucura não bastou. Rogério Ceni é goleiro, mas não é louco. Essa não é a única diferença dele para os outros atletas de sua posição.

Na década de 90 a Fifa criou uma regra para tornar o futebol mais dinâmico. Nesta regra estava implícito que o goleiro não poderia mais pegar com as mãos a bola recuada (por um companheiro de equipe) com o pé. Com isso, muitos arqueiros ficaram desesperados. Jogar com o pé não é coisa de goleiro. Goleiros históricos como Marcos (que até hoje dá suas pixotadas com os pés), Dida (que foi ídolo no Milan) e Buffon (um dos maiores de todos os tempos) tinham (e tem) muita dificuldade em atuar com o pé. A máxima de que "jogar com o pé não é coisa de goleiro" não serve para Rogério.

O principal diferencial do goleiro do São Paulo foi saber jogar com os pés. Ceni repõe a bola como ninguém, às vezes chega a jogar como líbero e bate falta e pênalti como poucos no futebol mundial. Recuar a bola para Ceni não decorre do desespero, e sim de confiança. Quantas assistências Ceni já deu? Quantos gols ele já fez? Os números mostram que o ídolo São Paulino é mais que um goleiro. E mais que um simples jogador para o Tricolor.

Até o momento, Rogério Ceni é o goleiro que mais fez gols na história. Dificilmente outro goleiro alcançará a marca de 103 gols do guarda meta são paulino. Destes, 56 foram de falta e 47 de pênalti. Na temporada de 2005, Rogério marcou 21 gols. Mais que a maioria dos atacantes do futebol nacional na época. O Palmeiras foi o clube que mais sofreu com as cobranças do goleiro Tricolor, já que levou 7 gols. Só em Campeonatos Brasileiros, Rogério balançou as redes por 49 vezes. O primeiro gol saiu de falta, em uma partida contra o União São João, no Campeonato Paulista de1997.

Os números falam por si só. Hoje mais do que nunca. Ao adentrar o gramado do Morumbi, Rogério Ceni alcançará mais uma marca histórica: mil jogos com a camisa do Tricolor Paulista, algo que só Pelé, pelo Santos, e Roberto Dinamite, pelo Vasco, conseguiram. Não é todo jogador que alcança esta marca. O estádio estará lotado e a torcida prestará uma justíssima homenagem para o ídolo. Rogério Ceni não é melhor nem pior que os outros goleiros. Ele é apenas diferente. E inigualável. Sou fã desse camisa 1 sem precedentes no futebol mundial.