sexta-feira, 19 de agosto de 2011

O capitalismo fala mais alto que a esportividade no futebol

O futebol virou negócio. E o clube de futebol não pode mais se dar ao luxo de ficar à margem do universo capitalista. Todos os clubes têm suas fontes de renda, que o tornam sustentável. Alguns conseguem até lucros, que são revertidos em melhorias para os sócios e para os aficcionados (ou não). A cada dia que passa, falamos mais em clube-empresa e em profissionalismo. O mundo caminha para esse lado. O que não dá lucro e o que não é sustentável não consegue seguir adiante. O título, que era o principal objetivo de qualquer dirigente tempos atrás, hoje já pode ser considerado secundário. Os tempos mudaram. A competitividade esportiva ficou em segundo plano, comparada a competitividade do mercado capitalista.

O mundo do esporte movimenta muito dinheiro. Quantos milhões de euros o Real Madrid pagou para ter o português Cristiano Ronaldo vestindo a camisa branca? Quanto vale o futebol apresentado por Messi hoje? Valores quase que incalculáveis e impensáveis há tempos atrás. Aqui no Brasil, o futebol foi valorizado financeiramente também. Os valores não chegam nem perto aos milhões de euros que rolam na velha terra, mas são altíssimos. É só lembrar quantos milhões de euros foram rejeitados pelo Santos para vender o jovem craque Neymar. Ou quantos milhões de reais por ano ganha Ronaldinho Gaúcho no Flamengo. O fato é que o mercado da bola cresceu. E, refletindo sobre esse processo, chegamos a conclusão que, se os jogadores ganham e valem muito, os clubes também faturam quantias no mínimo consideráveis.

O faturamento de um clube não depende só de um fator, de uma área. O clube de futebol, hoje em dia, não vive, por exemplo, sem um bom departamento de marketing. O departamento de marketing faz a divulgação do clube e o aproxima do torcedor. Com isso, o clube ganha na venda de camisas e produtos oficiais. Mantendo o torcedor do lado de sua paixão maior, seu clube de coração, o negócio só tende a crescer. A venda de ingressos é outra grande fonte de renda que depende também diretamente do torcedor. Aliás, todas as fontes de renda dependem do torcedor. Seja direta ou indiretamente. Infelizmente, nem todos os dirigentes conseguem enxergar isso.

A venda de jogadores é a fonte de renda mais variável. Em um ano o clube pode vender um futuro grande craque para a europa, da mesma forma que no outro pode não vender ninguém. Alguns clubes tomam como medida investir nas categorias de base e vender, no mínimo, um jogador por ano. O Internacional faz assim. Nos últimos anos a equipe colorada vendeu, por exemplo, Alexandre Pato, Luíz Adriano, Sandro e Giuliano. No último século essa fonde de renda só cresceu e muitos jogadores brasileiros foram tentar a vida em países dos mais variados.

A cota de televisão talvez seja a maior fonte de renda dos clubes. Com certeza foi a mais discutida nos últimos meses. Os clubes brasileiros tiveram basicamente três redes de televisão interessadas na compra dos direitos de transmissão do Campeonato Brasileiro: Redetv!, Tv Globo e Tv Record. Se os dirigentes optassem pela Redetv!, o valor seria mais bem distribuído. Haveria, sem sombra de dúvida, uma competitividade maior no campeonato. O contrato foi até fechado pelo Clube dos 13, mas os clubes preferiram romper com a entidade e passaram a negociar por conta própria sua imagem. Resultado: Contrato assinado com a Tv Globo com valores maiores, porém um abismo maior ainda entre um clube e outro.

Os clubes que fecharam o acordo com a Tv Globo vão receber valores em patamares diferentes, que serão dividos em três grupos: Grupo 1, que é composto por Flamengo e Corinthians (as duas maiores torcidas do país); Grupo 2, que é composto por Vasco, Palmeiras, São Paulo e Santos; Grupo 3, que é composto por Cruzeiro, Atlético-MG, Internacional, Grêmio, Fluminense e Botafogo; e o restante dos clubes que disputarão a série A ficarão no último pilar dessa divisão que só fará com que o Campeonato Brasileiro fique concentrado no eixo Rio-São Paulo. Isso poderá ser o maior erro dos dirigentes brasileiros em todos os tempos (e olha que erros não faltam).

A liga BBVA (ou Campeonato Espanhol de Futebol) é o maior exemplo de um campeonato que é totalmente dividido. Existem, praticamente, três Ligas: A liga de Real Madrid e Barcelona (que abocanham a maior parte das cotas de televisão), a Liga de Atlético de Madrid, Valencia, Sevilla e Villarreal (que estão no segundo pilar da divisão de cotas) e as equipes que sobram. Com base nos dados, desafio o leitor a pensar comigo: Qual o grau de competitividade do Campeonato Espanhol? Nenhum, praticamente. Já se sabe que se o Real Madrid não vencer, o Barça será campeão. E vice-versa.

Estamos caminhando para o mesmo caminho. O futebol brasileiro está cada vez mais centralizado. O nosso campeonato, que era sempre citado como o mais disputado do mundo, pode mudar totalmente de característica. E isso não está longe de acontecer. É só olharmos a tabela. Corinthians e Flamengo ocupam as duas primeiras posições; São Paulo, Vasco e Palmeiras as seguintes; Botafogo, Internacional, Fluminense vem logo atrás. Com o desfalque do Santos, que é um caso á parte, pois conquistou a Libertadores e praticamente abandonou o Brasileirão, a tabela é a cara da divisão feita pela Tv. E isso só tende a aumentar, já que o novo contrato nem entrou em vigor ainda. Novo contrato esse que fará bem mais efeito que o anterior, já que os valores são consideravelmente superiores.

Será que um dia veremos um Corinthians e Flamengo como maior clássico nacional? Será que a possibilidade de zebra no campeonato deixará de existir? Acho que o caminho é esse. Mais dinheiro, menos competitividade... Tendo em vista que o futebol virou um negócio capitalista, o dinheiro sempre falará mais alto que qualquer outra coisa. Pois é, os tempos mudaram. O seu time não entra mais numa competição para ganhá-la. Ele entra visando o lucro, a venda de jogadores, o dinheiro da Tv. A maior prova disso é quando vemos o dirigente falando a tão famosa frase de início de Campeonato Brasileiro: "Nosso time tem totais condições de conquistar uma vaga na Libertadores". O título fica de lado e o dirigente fica de olho no dinheiro e na visibilidade que a Libertadores e, quem sabe, um Mundial de Clubes, poderão trazer. A esportividade já perdeu espaço para o capitalismo no futebol moderno.

sexta-feira, 5 de agosto de 2011

O que é o céu e o inferno?

Quem me conhece sabe que eu não sou religioso. Muito pelo contrário. Mas religião não será o tema aqui, até porque religião, política e futebol não se descutem. Quem sou eu para analizar ou julgar alguma religião ou um religioso fervoroso? Ninguém. Não sei ao certo se esse tema tem muitos paralelos com o tema específico da religião. Cada um tem a sua religião e sua crença. Em algumas religiões acredita-se que a morte é apenas uma passagem para outra vida. Em outras acredita-se em reencarnação. E para algumas pessoas a morte não quer dizer absolutamente nada. Acaba-se tudo no momento em que o coração para de bater, uma visão cientificamente comprovada.

Sinseramente eu ainda não me posicionei sobre em qual dessas versões eu acredito ou se não acredito em nenhuma. O fato é que, dia desses, estava andando por um livro(como se fosse possível fazer isso...) e vi uma definição sobre o céu e o inferno bem interessante. Também não tenho opinião formada sobre o assunto e respeito quem tem a sua, seja qual for. Para alguns a pessoa que fez coisas ruins(Deus, o superior, definiria,como um juiz, o que é coisa ruim e o que é coisa boa) iria pagar seus pecados no inferno e o indivíduo que só teve atos bons durante sua passagem na terra iria viver no céu em uma espécie de paraiso. A história que eu li me pareceu bem mais interessante do que essa versão(sem querer julgar quem nela acredita).

No livro "O Aleph" o escritor Paulo Coelho diz que, segundo uma tradição, "No segundo antes da nossa morte, cada um se dá conta da verdadeira razão da existência. E nesse momento nasce o inferno ou o paraíso. O inferno é olhar para trás nessa fração de segundo e saber que desperdiçamos uma oportunidade de dignificar o milagre da vida. O paraíso é poder dizer nesse momento: Cometi alguns erros, mas não fui covarde. Vivi minha vida e fiz o que devia fazer." Tive a certeza que deve ser por ai mesmo.

Existem duas formas de não conseguir algo: Uma na qual decidimos ficar de braços cruzados e não fazer nada(deixando a oportunidade de agir de lado sabendo que depois poderemos nos arrepender pelo resto da vida- chegando ao inferno, como diz a tradição citada) e outra na qual tentamos do fundo da alma fazer algo. Na segunda forma podemos dizer que tentamos, agimos e não ficamos de braços cruzados vendo a vida e as oportunidades passarem. Agindo como na primeira situação podemos ganhar uma vida inteira de inferno, se arrependendo por não termos lutado pelo que queriamos, ficando sem reação esperando com que as coisas acontecessem sozinhas. A lição que fica, para mim, dessa forma de ver o céu e o inferno é que devemos morrer tentando, pois viveremos pelo menos em paz, sabendo que fizemos o que era possível. E isso basta para ter a consciência tranquila. Como diz uma frase famosa: "Você é o que você faz", e não o que você tem, como muitos acreditam. Mas isso é história para outro dia...

segunda-feira, 1 de agosto de 2011

O futebol do Rio é forte novamente

 O futebol carioca vinha de uma década de resultados horríveis, sem grandes campanhas no brasileirão até o ano de 2009, quando o Flamengo conquistou o título. Em 2010 foi a vez do tricolor das laranjeiras se sagrar campeão e confirmar a hegemonia do estado no campeonato mais importante do país, após anos e anos de maus resultados. No ano de 2011 a boa fase dos clubes do Rio no cenário nacional se mantém. Neste fim de semana foi disputada a  13° rodada do campeonato brasileiro, que foi ótima para os clubes cariocas. Todos os quatro venceram e se colocaram entre os oito primeiros colocados na competição nacional.

No sábado o Flamengo recebeu o Grêmio no Engenhão e tratou de vencer por dois a zero e manter a boa fase da equipe e de Ronaldinho Gaúcho, que fez uma boa partida, marcou um gol e seguiu como artilheiro isolado da competição. O robro-negro de Luxemburgo parece que resolveu trocar de vez os empates rotineiros pelos três pontos. Após a importante vitória a equipe da Gávea subiu para o segundo posto na classificação, passando o São Paulo e ficando a um ponto do líder Corinthians.

No mesmo horário que o Flamengo ganhava do Grêmio o Botafogo conquistava grande vitória fora de casa em cima do Cruzeiro de Joel Santana. O único gol da partida foi marcado por Loco Abreu, que voltara da seleção uruguaia após o título da Copa América muito motivado. Caio Júnior afirmou após o término da partida que finalmente encontrou a equipe ideal, com Herrera e Abreu no comando de ataque. O Botafogo alcançou a sexta colocação na tabela de classificação.

O domingo ficou marcado novamente por vitórias cariocas. O Vasco foi ao Morumbi e conquistou três pontos fundamentais para a equipe continuar motivada na briga pelo título nacional. O cruz-maltino jogou, na maior parte do tempo, no contra-ataque. E foi assim que a equipe conquistou os três pontos. Éder Luís abriu o placar e Felipe decretou a vitória, quando o São Paulo pressionava bastante. Com a vaga na libertadores já garantida, a briga maior do Vasco na competição é o título. Com a vitória o Vasco segui em 5° lugar.

Já o Fluminense recebeu o Ceará no Engenhão e não teve piedade do rival nordestino: enfiou 4 a 0, podendo ter vencido por mais gols. O primeiro tempo terminou um a zero apenas(gol de Fred), mas o fator determinante para a goleada tricolor aconteceu no final da primeira etapa: Heleno agrediu Fred e foi expulso. Caminho aberto para o Flu partir para cima e melhorar o saldo de gols(que antes da partida era de três gols negativos). Rafael Sóbis, Souza(que deu duas assistências) e Rafael Moura completaram o placar na segunda etapa. O técnico Abel Braga parece ter encontrado em Fred e Rafael Sóbis a dupla de ataque perfeita para o time começar a arrancada na tabela, na qual se encontra na oitava colocação.

Os títulos brasileiros e a consolidação dos quatro grandes do Rio entro os oito melhores colocados da tabela nesta temporada mostram na prática a melhora que teve o futebol carioca nos últimos anos. Do lado de fora do campo, é possível ver a melhora na construção do CT ninho do urubu, na grande reforma em São Januário, na aquisição do Engenhão e na tentativa de abater a dívida milionária. Os clubes cresceram e os dirigentes também. Podem e devem crescer mais, mas já é um avanço consideravel, com resultados consolidando a melhora na forma de pensar e agir. O futebol do Rio é forte novamente.