sexta-feira, 8 de abril de 2011

Mais que uma matéria

A princípio estávamos iniciando o processo para a construção de uma matéria para o laboratório de tv da faculdade CCAA.O tema era habitação.Fui junto com um colega de turma ao conjunto habitacional mangueira 1,onde moram pessoas que tiveram suas casas demolidas do outro lado da linha do trem.
As casas foram construídas há cerca de 25 anos,após as obras para a construção da estação de trem da mangueira.Os acampamentos dos trabalhadores da obra da estação aos poucos viraram barracos,que se multiplicaram no decorrer dos anos.
Chegando ao local,de cara,vimos que não eram apenas moradores da mangueira que foram beneficiados com casas nos locais(apesar de um tempo depois a assistente social que trabalha no local negar isso).No estacionamento tinham carros caros,como uma Blazer por exemplo.Olhando mais para cima era possível perceber algumas antenas de tv fechada.Andamos um pouco mais e encontramos um homem que,após alguns minutos de conversa,nos levou até a sua casa e nos apresentou a sua família,que fora beneficiada com uma casa no local.Eram dois quartos,sala,cozinha e banheiro para 4 adultos e três crianças.Propusemos a eles irmos no local onde ficava a sua casa,demolida pela prefeitura.Eles aceitaram prontamente e partimos até o local.
Chegando lá,observamos a vista do local,que era um cenário de guerra:destroços de casas tombadas,pedaços de roupas,calçados(os que não foram levados por moradores de rua),ferros e ratos se misturavam no ambiente com pessoas,que ainda moravam na região.Conhecemos uma moça que partilhou conosco a sua história e,mais que isso,nos apresentou uma amiga muito especial:Dona Rita,que mora no meio desse cenário todo(que de noite ainda conta com viciados em drogas e prostitutas)com um filho deficiente físico e mental.Ela nos convidou para entrar.
Entrando na casa de Dona Rita tivemos dificuldade em subir as escadas,já que os degraus não eram metade do tamanho dos meus pés.A casa se resumia em um banheiro,cozinha e um quarto.Cada cômodo menor que o outro.Foi no quarto que encontramos o menino Gabriel.O nome de anjo não é à toa,ele é abençoado e abençoa a vida de dona Rita.Ele estava no seu berço,em frente a televisão.Sua cadeira especial ocupa boa parte do quarto,apesar de o pequeno Gabriel não poder usá-la,pois é impossível descer aquelas escadas e andar por cima dos escombros com aquela cadeira.Dona Rita nos contou que para levar a cadeira para manutenção paga três reais para viciados em crack levarem a cadeira até a rua.
O bolsa família,as doações de almas bondosas e a pequena pensão paga pelo pai de Gabriel(que é sem alma,e que os abandonou)são as fontes de sobrevivência dessa senhora,que não pode sair para trabalhar, pois têm que cuidar do filho deficiente.
Dona Rita e Gabriel serão despejados e não terão direito a apartamento no mangueira 2(expansão do mangueira 1)já que não é a proprietária da casa(paga 200 reais por mês para viver em um cubículo).Nosso trabalho agora é divulgar o caso para ver se alguém se sensibiliza com a história de Dona Rita e a ajude nessa difícil batalha.É mais que uma matéria.Estamos na batalha com a guerreira Rita.

4 comentários:

  1. Meu, muito bacana a matéria. Fiquei constrangido com a história da Dona Rita e do Gabriel. Estou divulgando no twitter. Valeu!

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  2. a vida e suas histórias. ótima postagem!

    abraços

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  3. Carlos, Parabens. Muito boa matéria. Abs, Gabriel Elizondo

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  4. Obrigado a todos pelos comentários e pela moral.
    abraços!

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