sexta-feira, 1 de julho de 2011

Homenagem a um argentino de alma carioca


Conca treina em sua ex casa, as laranjeiras/ Foto: Site oficial do Fluminense F.C

No ano de 2007 chegou ao Vasco um Argentino que muitos não conheciam. Sem muito cartaz, o meia canhoto(sendo argentino e canhoto temos certeza de que é habilidoso) chegou da Universidad Católica, após fazer uma boa Copa Sulamericana. O jogador, então com 24 anos, era tímido e dificilmente se adaptaria numa cidade como o Rio de Janeiro, famoso pela noite e pelas opções de lazer que os boleiros já estão mais que adaptados. Seu nome era Dario Conca e ele se apresentou ao grande público carioca no dia 3 de janeiro de 2007, quando, em entrevista coletiva ao lado do então presidente Eurico Miranda, Conca já mostrava toda a sua timidez e seu avesso a aparecer em público.

Nos primeiros meses de Vasco o tímido argentino teve um pouco de dificuldade em se adaptar a cidada e em deixar sua família em sua terra natal, a província de Tigre, na grande Buenos Aires. Mas, quando o argentino começou a ter oportunidades na equipe da cruz-de-malta a timidez ficou totalmente de lado e o meia foi ganhando o carinho da torcida vascaína. Confesso que vendo aquele meia jogar com a camisa oito do meu time fiquei encantado. Há tempos o Vasco não tinha um meia com aquele entrosamento com a bola. Pena que não durou muito.

Conca fez cerca de 35 partidas no ano de 2007 pelo Vasco e, no início de 2008 foi negociado para o Fluminense, já que o River(a quem o atleta pertencia) não aceitava mais emprestar o jogador. O Flu(leia-se Traffic) chegou com o dinheiro e levou o jogador para as laranjeiras como principal reforço para a disputa da Libertadores de 2008. Naquele time o argentino era coadjuvante, já que atuava ao lado de Thiago Silva, Thiago Neves, Dôdo, Washington, Leandro Amaral... Mas o Fluminense deve muito de sua grande campanha naquela competição(na qual alcançou o vice campeonato) a Conca.

Pouco a pouco Dario Conca foi ganhando a torcida tricolor, que necessitava de um ídolo, já que Thiago Neves e Thiago Silva(O Monstro!) saíram do clube em 2009. O auge dessa admiração recíproca(entre ele e a torcida) foi na temporada 2010, quando ao fim dela o jogador pode comemorar com a nação tricolor presente ao Engenhão o título do Campeonato Brasileiro, o mais importante do Clube desde a década de 80. Conca foi carregado nas costas e ovacionado na volta olímpica. O argentino ganhou o prêmio craque brasileirão 2011, virou até bandeira da torcida tricolor e escreveu de vez seu nome na história do clube e nos corações dos tricolores espalhados pelo Brasil.

A temporada 2011 começou turbulenta para o tricolor das laranjeiras: Muricy(técnico da conquista do Brasileiro) pediu demissão, Alcides Antunes(vice de futebol) foi demitido, o time foi eliminado no Carioca e depois na Libertadores. Porém a idolatria de Conca não foi abalada em nenhum momento. Fred, outro ídolo recente tricolor, chegou a ser vaiado no Engenhão, mas Conca não foi em nenhum momento. Em todo o jogo do clube em casa o nome do argentino era gritado, Conca era ovacionado e tinha o apoio de 100% da massa de tricolores.

O ano vinha sendo bom também fora das quatro linhas: Conca foi homenageado na câmara dos vereadores do Rio de Janeiro e recebeu a medalha Pedro Ernesto e título de cidadão carioca. Depois da homenagem, o argentino de alma carioca disse que "O carioca é muito simpático, recebe bem todo mundo, e isso foi muito importante. Hoje não tenho vontade de sair daqui. Quero continuar por muito tempo mais". As palavras demosntraram o amor do argentino pelo Rio e pelo Fluminense, mas tudo um dia acaba.

Nessa semana um grupo de empresários chineses chegou ao Rio com o objetivo de levar o "Hamister"(como é chamado pelos companheiros de clube) para o mundo oriental. Na primeira vez que Conca sentou à mesa com os homens de olhos puxados o argentino agradeceu, mas disse que não tinha conversa. na terceira Conca era o novo reforço do Guangzhou Evergrande(fiz um curso pra conseguir escrever esse maldito nome), que já conta com Renato Cajá(ex Botafogo) e Muriqui(ex Atlético-MG). Conca,que disputou mais de 200 jogos com a camisa tricolor, deverá mesmo deixar o clube. O salário astronômico(que deve girar em torno de 1,6 milhão/mês) seduziu o argentino, mas isso será apenas um até breve, pois ao término do contrato Conca deve retornar ao Flu.

Acho que difícilmente antes uma cidade transformou tanto um jogador, asssim como um jogador transformou a história de um clube. Como vascaíno gostaria que Conca ficasse a carreira inteira no Vasco, mas na época não foi possível. Hoje os tricolores devem sentir mais ou menos isso, multiplicado por mil. Conca passou pelo futebol brasileiro e fez história, ganhou milhões de fãns no país(isso sem ser marqueteiro) e vai deixar também uma saudade imensa. Tomara que o adeus seja só um até breve e que daqui a dois anos possamos ver novamente esse argentino atuar em terras tupiniquins.

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